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ÍNDIOS VÃO ATRAS DE BOLSONARO APÓS DECLARAÇÃO DO PRESIDENTE


Líderes indígenas fora ao CCBB para pedir encontro com governo. Eles alegam que Justiça é única pasta que sabe lidar com conflitos fundiários.

Líderes de povos indígenas foram à sede do governo em Brasília, para pedir uma audiência com a equipe do governo de Jair Bolsonaro. O grupo de índios quer cobrar que a Fundação Nacional do Índio (Funai) permaneça vinculada ao Ministério da Justiça no futuro governo.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) informou que cerca de 80 pessoas que representam 40 etnias foram ao Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) pressionar o agendamento de uma audiência com o governo de transição.

Eles estão em Brasília para participar de encontro do Fórum dos Conselhos de Saúde Indígena. O grupo realizou danças indígenas em frente a uma das portarias que dá acesso ao gabinete do governo.

No início da tarde, um integrante do governo de transição desceu até a entrada do prédio para conversar com líderes do grupo. Após apresentarem a reivindicação, dois indígenas ingressaram no gabinete de para protocolar uma carta endereçada a Bolsonaro (veja mais detalhes sobre a carta ao final desta reportagem).

Os dois representantes dos índios deixaram a área ocupada pelo futuro governo logo depois de protocolar o documento.

Nesta semana, o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, chegou a dizer que Bolsonaro cogitava transferir a fundação responsável pela assistência dos povos indígenas para o Ministério da Agricultura, que cuida dos interesses do agronegócio.

De acordo com Kretã Kaingang, integrante da Apib que foi protocolar a carta, o texto cobra a permanência da Funai sob o guarda-chuva do Ministério da Justiça.

Segundo os representantes dos índios, a pasta que será comandada a partir do ano que vem pelo ex-juiz Sérgio Moro é a única com preparo para lidar com os conflitos fundiários que marcam a relação dos indígenas com ruralistas. A Funai é responsável por promover e proteger os direitos de mais de 300 povos indígenas.

"Que pare essa especulação sobre a questão da Funai [...] A gente quer que pare. Nenhum ministério é preparado para lutar com conflitos fundiários, nenhum desses ministérios está preparado e nenhum ministro está preparado”, declarou Kretã.

"O único ministério que tem esse preparo é o Ministério da Justiça. Uma das cobranças nossas é a permanência da Funai dentro do Ministério da Justiça, porque ali que se trata de conflito, não só territorial, mas qualquer outro conflito”, completou o integrantes da Apib.

Após a possibilidade de a Funai ser realocada no Ministério da Agricultura, Bolsonaro afirmou a jornalistas que o destino da entidade dos índios ainda não está definido. Segundo ele, a fundação irá "para algum lugar", mas, possivelmente, não será para a Agricultura.

Moro reafirmou à imprensa de que o destino da Funai está indefinido e destacou, inclusive, que a entidade poderá permanecer sob os cuidados do Ministério da Justiça.
A futura ministra da Agricultura, deputada Tereza Cristina (DEM-MS), conversou rapidamente com os jornalistas depois de os indígenas saírem do gabinete de transição. Ela participou estava no CCBB naquele momento participando de uma reunião ministerial com Bolsonaro.

Tereza Cristina disse que é "difícil" a Funai ser transferida para a pasta da Agricultura. Ela também destacou que ainda não há definição sobre o destino da fundação.

“Para a Agricultura, é difícil. Acho que vai continuar igual, mas não está decidido [...] Não está decidido, houve uma discussão sobre o assunto, mas não batemos o martelo, ficamos de conversar mais à tarde”, ponderou a futura ministra, que é uma das líderes da bancada ruralista no Congresso Nacional.

CARTA A BOLSONARO
A Apib distribuiu à imprensa a carta aberta a Jair Bolsonaro que foi entregue ao governo de transição. O texto afirma, entre outros pontos, que declarações recentes do presidente eleito "maculam a imagem e dignidade" dos indígenas e demonstram "falta de conhecimento" sobre os direitos constitucionais dos povos.

"A afirmação de que nossos povos podem constituir 'novos países no futuro' demonstra franco desconhecimento da legislação correlata, uma vez que a própria Constituição estabelece no artigo 20 que as terras indígenas são terra da União", diz trecho da carta.
"Repudiamos, portanto, o seu pejorativo e reduzido entendimento de nos considerar animais em zoológicos", ressaltam os índios em outro trecho do comunicado.

A carta destaca ainda que a transferência da Funai do Ministério da Justiça coloca o órgão "em risco de inanição".

Leia pedidos apresentados pelos indígenas ao presidente eleito:
Manter a Funai vinculada ao Ministério da Justiça
Realizar operações para retirar invasores de terras indígenas
Demarcar e proteger todas as terras indígenas
Destinar recursos no orçamento para programas destinados à soberania alimentar e sustentabilidade econômica dos povos.
Garantir a continuidade do atendimento básico de saúde aos povos indígenas
Animais em zoológico

Na semana passada, Bolsonaro afirmou que manter índios em reservas demarcadas é tratá-los como animais em zoológicos.

"Agora, veja, na Bolívia temos um índio que é presidente [Evo Morales]. Por que no Brasil temos que mantê-los reclusos em reservas, como se fossem animais em zoológicos?", declarou o presidente eleito a jornalistas.

Bolsonaro reforçou que, na opinião dele, o índio "quer se integrar à sociedade" e se disse vítima de uma "maldade" por parte da imprensa.

"Vou repetir aqui: o índio quer energia elétrica, quer médico, quer dentista, quer internet, quer jogar um futebol, ele quer aquilo que nós queremos", enfatizou.

Questionado se os índios desejam se integram à sociedade, o líder indígena Kretã Kaingang afirmou que é preciso respeitar os índios que desejam viver de forma isolada.

"Nos últimos dias, ele [Bolsonaro] andou falando dos povos indígenas, chamando nós de animais, a gente como povo originário desse Estado brasileiro, e não povo ocupante. A gente se sente muito ofendido como povo indígena", reclamou Kaingang.

Para ele, o governo federal deve ter políticas, inclusive na área agrícola, para auxiliar na subsistência dos povos nas terras indígenas. Segundo o líder indígena, governos passados não desenvolveram políticas deste tipo. Estadão Conteúdo | Mídia Ninja - Pa



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